terça-feira, 15 de novembro de 2011

Apontamentos historiográficos
 Rubens Ponte Aguiar

 
“O inacabado se tende perpetuamente a ultrapassar-se, tem, para todo o espírito ardente, uma sedução que vale bem a do perfeito êxito!” Marc Bloch

É notório que desde os primórdios do surgimento da historia, sua historiografia está em volta a problemas. Primeiro não se conseguia entender como os maiores filósofos e sábios gregos, que foi onde nasceu à história, não tinham uma inquietação em relatar fatos, coisas e discussões consistentes, acerca de explicação do passado ou de sua origem. De fato no inicio eles não usavam a razão para este fim. Não se importavam em aceitar a explicação de seu passado pelos mitos, isso era o normal – se utilizarem dos mitos para explicar o surgimento das coisas. Aliás, o mito era a mestra do grego, tudo era feito baseado no mito. Por isso o passado distante ou próximo não era importante.
Sabemos que num dado instante Tucídides, levanta e olha mais além e constrói algo diferente, faz sua história, deixando sua marca na eternidade. Todo o historiador tem que ter dentro de si algo que os impulsione, algo que Tucídides tinha: de enxergar num horizonte próximo o que nos possibilita elaborar um feito grandioso que ninguém fez, pois cada olho vê de um modo distinto.
O interesse, a dedicação, a plena observação, isso leva a elaboração de um trabalho que poderá se tornar bom. Hoje a história não caminha mais só, mas ela ainda fascina pela sua superioridade e também no fato de se ter que elaborar projetos sistemáticos, na construção de uma história melhor e mais ampla, que nasce de um trabalho histórico muito particular aos olhos do historiador, de um anseio individual. A história nasceu como explicação do tempo, da preocupação de um homem com a sua sociedade – este homem era Heródoto de Halicarnasso, queria que todos ficassem sabendo dos acontecimentos que os cercavam. Cada historiador traz sua forma particular nem sempre nova, mas única para explicar os fatos.

Assim, pensamos o tempo na sua multiplicidade e antagônica probabilidade, o tempo de um lugar é diferente em outro. As opiniões e visões do mundo feitas com base em narrativas militares e econômicas, hoje estão sendo substituídas por uma história mais abrangente, que sai apenas do campo militar e começa a atuar entre todas as áreas do saber.
Os historiadores abriram os olhos e viram que o passado, a história que estavam fazendo não era tão diferentes das que já existiam, e sentiu então a ânsia, a agonia de proporcionar aos seus pares e ao mundo algo novo. E tiveram que brigar muito. Quando surge uma nova idéia indo contra as idéias tradicionais a muito enraizadas é difícil libertar, mas obtiveram êxito, um exemplo foram os franceses.
Há na história uma construção nova, um novo meio de estudar as fontes para se compreender os acontecimentos. Colocaram os pés no chão, e viram que era preciso procurar um novo caminho, e nas contraditórias expectativas, nos ensinaram a reconstruir o passado e perceber o futuro vendo o que está próxima e longe. Assim como Tucídides, os pais da nova história pensam de modos diversos o tempo nas suas variadas concepções.
Febvre, Bloch, Lê Goff, Braudel e Foucault, deram um gama de contribuições para a ampliação do campo da História e para a sua reformulação. Ampliando seu espaço e fazendo críticas para a história se auto-rever, e procurar se modificar, evoluir, pois perdia espaço para a antropologia e sociologia. Hoje, a história continua muito forte.
A base documental, as fontes de pesquisa que de certo modo eram limitadas pelo tipo de abordagem metódica, e quase única que era utilizada, ampliaram-se com os novos caminhos. As fontes iconográficas ganhavam importância, os mapas, gravuras, quadros se tornam um novo instrumento de trabalho do historiador. Contudo, tem que ter atenção e cuidado ao trabalho com estes materiais. Utilizando a fotografia e o cinema também se faz à história. O mais difícil instrumento de ser usado no séc. XXI o mundo solto da internet, um caminho que parece fácil, mas qualquer deslize vai tudo por água a baixo, e o trabalho se esfacela.
Um novo caminho que a história percorre é a literatura, algo que poderia ser impensável, hoje é realidade. A história utiliza e se apropria da ficção, rompendo com os métodos de conceber história. O antigo jeito de se construir história foi vencido, contudo ainda temos muito conservadores, O que mostra que a velha história não morreu apesar de esta enfraquecida, ainda está presente.
Desta forma, nasceu a certeza de que a abertura histórica e a construção da história, apesar de ardo o trabalho, foram feitas pelo e para dar prazer para quem faz e lê.  E que apesar de escritas com seriedade, também podem ser agradáveis.
Hoje excelentes historiadores cativam com uma história que foi feita com suor, dedicação e com muito empenho. Alguns dos importantes nomes da história são: Caio Prado Junior, Serio Buarque de Holanda, Gilberto Freire, José Murilo de Carvalho, Marc Bloch, Lucien Febvre, Fernand Braudel, Robert Darton, Fhilippe Ariés, Hobsbawm, e muitos outros que com suas obras vem conquistando cada vez mais o mundo. Estamos cercados de pessoas que tem dedicado a vida a fazer uma boa história e uma história fascinante, com brilhantismo e luz.
Apesar de tantas criações, sempre fica algo para ser feito e ser refeito, porque o passado jamais poderá ser representado no seu todo. Sempre ficará buracos e brechas, daí sempre precisará de um trabalhador para tampar os buracos, e este trabalhador incansável que nunca para é o historiador. A mais brilhante, porém, difícil profissão é a história, que caminha com essa dicotomia. O homem tem dentro de si essas tendências contraditórias, sempre existiu e existirá dentro e fora do historiador. E na procura de algo diferente é que a história procura respostas para as perguntas que se perpetuam.
"A história se apresenta, hoje como uma ciência em plena evolução” [1].  É isso que está acontecendo, ela pretende transformar-se em ciência. Isso talvez não mude a forma com que ela é feita, mas da dentro da Academia é uma força a mais. Pois com tantas outras disciplinas almejando ocupar o lugar da história, a sua transformação “oficial” em ciência vem reforçar o domínio que a história segurava e que se enfraquecia.
Com os novos caminhos tem um campo maior de trabalho histórico. Porque não atrelou o pesquisar em história a nenhuma teoria que ele deveria seguir a risca, mas sim abriu as portas para uma multiplicação de novos estudos e terras nunca antes visitadas pelo historiador. Bloch e Febvre tentaram fazer uma história total do homem, elaborando uma história problema e daí buscar respostas. Atualmente quando se inicia um trabalho, procura-se um problema para então dar uma resposta, que às vezes não é satisfatória.
A pesquisa se inicia pela iniciativa do próprio historiador, e com uma luta diária com as fontes.  Não sei se o fato de agora tudo ser história é bom ou ruim. “O campo da história e, pois inteiramente indeterminado, com uma única exceção: é preciso que tudo o que nele se inclua tenha realmente acontecido” [2]. E todos esses acontecimentos tenham como ser comprovados que realmente ocorreram, e isso se faz através dos documentos. E o historiador só procura a “verdade”, pelo menos a sua.
Enfim, é isso, e tudo por causa da “revolução” historiográfica, que em parte foi idealizada pelos franceses, é que hoje podemos trabalhar de modo livre com o que nos interessa. Devemos grande importância deste feito aos annales e a sua explosão pelo mundo. A nova história nasceu da inquietação de alguns homens, mais precisamente de Febvre e Bloch, que queriam algo diferente. Estavam fadados com o que vinha sendo feito. Rompendo com a tradicional e fizeram do mundo privado, particular, a nova história, na revista dos Annales. Este serve como uma sondagem inicial da nova história. A história seduz, como uma bela mulher, que tem no olhar e nas belas e infinitas curvas a arte de dominar. A história domina todos a sua volta. A história é uma extensão da nossa memória e da nossa imaginação, mas com certo limite. Porém, além (dela) ser tudo isso é também outra coisa, porque a História é tudo, e sendo tudo está em todos.


Referências Bibliografias

BLOCH, Marc. Introdução a história. Tradução: Maria Manuel; Rui Grácio; Vitor Romanaeiro. Publicações Europa-America, 1997, 289p.

BURKE, Peter. A escola dos annales: 1929-1989. A revolução Francesa da Historiografia. Tradução: Nilo Odalia. São Paulo. Fundação Editora da UNESP, 1997, 154p.

CARDOSO, Ciro Flamarion e VAINFAS, Ronaldo. Domínios da historia: Ensaios de teoria e a metodologia. Rio de Janeiro, Edit. Campos, 1997, 508p.


LE GOFF, Jacques, A historia Nova. Tradução Eduardo Brandão. São Paulo. Martins Fontes, 1998, 318p.

OAKESHOTT, Michael. Sobre historia e outros Ensaios. Tradução Renato Rezende. Rio de Janeiro. Riberty Classics/Top Books. 2003, 292p.

REIS, Jose Carlos. Escola dos annales: A inovação em historia. Editora paz e terra, 2000, 193p.

REIS, Jose Carlos. Historia e Teoria: historicismo, modernidade e temporalidade e verdade. Rio de Janeiro, Editora FGV, 2003, 248p.

VEYNE, Paul. Como se Escreve a historia e Foucault Revoluciona a historia. Tradução: Alda Baltar e Maria Auxiliadora Kneipp. Brasília. Edi. UNB, 1998, 285p.


[1] Ciro Flamarion Cardoso e Heitor Perez Brignoli:conclusão o que é a Ciência hoje?IN Os métodos da historia pp.39
[2] Paul Veine:Tudo é historia,logo a historia não existe:in Como se escreve a historia e Foucault revoluciona a historia.pp.25
NARRAR O PASSADO, REPENSAR A HISTÓRIA:
Historiografia no Brasil

“(...) sim, a história não é senão respostas as nossas indagações. Porque não se pode, materialmente, fazer todas as perguntas, descrever todo o porvir, e porque o progresso do questionário histórico coloca-se no tempo e é tão lento quanto o progresso de qualquer ciência; sim a história é subjetiva, pois não se pode negar que a escolha de um assunto para um livro de história seja livre.”
Paul Veyne.

Desde o nascimento da historia como simples relato da memória estabelecido pelas testemunhas que viram ou ouviram dizer, fizeram da escrita da historia criação do seu próprio passado. Até ela se tornar ciência no século XIX muita coisa se desenrolou nesse campo do saber. Da historia como simples narração dos acontecimentos e dos feitos dos homens concebida por Heródoto que não tinha ansiedade com a verdade, ou alguma preocupação em saber se aquilo que lhe foi relatado condizia com a verdade ou até que ponto o relato era aceitável. Porém Heródoto introduziu no estudo a imparcialidade como marca principal da produção do conhecimento histórico feito pelo historiador. 
Da história que narrava apenas acontecimentos pautados na memória e que narrava os fatos verdadeiros e a história como Mestra da Vida idealizada por Tucídides, historia do presente que serviria como exemplo e para ensinar as gerações futuras. Teve-se, portanto uma inquietação em tentar fazer uma historia que viesse a se tornar um modelo para o futuro. A História concebida então seria feita no presente para responder aos anseios do futuro. Essa história como Mestra da Vida perduraria até o séc. XIX quando seria feita uma historia bem diferente desta por Ranke.
Ranke inicia a construção do oficio do historiador no séc. XIX com uma preocupação em relatar a Verdade, cria-se um método, tornando a história uma Ciência. A produção de um saber histórico nada mais era do que narrar o que tinha nas fontes, transcrever o documento, este falava e apenas ele. Toda a interpretação ou analise do historiador era proibida, ele tinha que se apagar perante as fontes. Havia um culto aos documentos, e o oficio do historiador ainda era apenas relatar os feitos das ‘Elites’. O homem comum era deixado de lado, nada era falado do escravo, da mulher ou daqueles que levavam uma vida mais sossegada, mais comum.
Apenas no inicio do séc. XX é que estes excluídos foram ouvidos e começaram a ganhar voz e a ter um espaço dentro da história. Os Annales romperam com o culto ao documento e com a colocação de historia feita apenas por homens da elite. Estes procuram elementos para a compreensão do mundo através de estudos da vida cotidiana, da arte, das relações sociais, da economia, das pessoas simples. O principal meio agora e a critica das fontes. O historiador tem que interpretar os documentos não mais transcreve-los, escolhendo um objeto e indo buscar respostas.
Os marxistas também contribuíram e muito para a evolução da História, adotando o método dialético, Marx e Engels criam o alicerce do materialismo histórico, onde todas as mudanças na história seriam causadas pelo fator econômico e pelas diferenças entre as classes sociais. Marx dizia que “as causas das mudanças sociais e das revoluções políticas deve ser procurada na vida material da sociedade, no encaminhamento da produção e das trocas".
A historia então seria a interpretação de um texto feito no passado, para através disso se construir uma narrativa a cerca da representação e de como poderia ter sido o acontecimento que ocorreu no passado. E o oficio do historiador é muito mais serio, e mais importante. Ele tem a responsabilidade de não deixar se perder a memória do homem. E dar respostas às ânsias do presente. Procura dar sentido a angustia do tempo atual.
Toda a busca do saber e a construção do conhecimento por parte do historiador influência o homem por mais que ele não queira. Então quais discursos que inventaram e moldaram a mentalidade do historiador no Brasil e que inventaram a imagem do Brasil. Qual influencia, e quais discursos que podem reconhecer o local de fala do historiador no Brasil?
Quem no Brasil faz e escreve a História? Por que se persisti com esse procedimento de reescrever sempre a história? Reis nos responde que é pela particularidade do objeto escolhido pelo historiador, por ele ser algo tão individual e próprio de cada um. E como o homem é um ser que se modifica no tempo a história precisa ser refeita para se adequar ao surgimento de novos anseios.
Também pelo fato de que o conhecimento histórico muda, e novas técnicas, novos conceitos e teorias de abordar o passado vão aparecendo, cunhando novos conhecimentos e redefinindo os já existentes, e o tempo presente muda, e nesta mudança o passado e o futuro são constantemente rearticulados. (Reis, 1999, pág. 9). Isso obriga reescrever a historia. Pois “a história é a ciência dos homens no tempo” (Bloch, 1997).
No séc. XIX para o XX o Brasil se modifica. Troca-se a forma de governo, um rei é ‘derrubado’ e junto à monarquia. Instaura-se a republica e o sistema presidencialista. Destarte tem a necessidade de reescrever a história do Brasil, já que novas problemáticas vão surgindo. Se outrora eram estrangeiros quem escrevia a nossa história, agora ela será encarregada de ser reescrita, refeita pelos intelectuais brasileiros. Gilberto Freyre, Capistrano de Abreu, Sérgio Buarque de Holanda, Caio prado Jr. Estes farão à reconstrução da História Nacional com uma sensibilidade única e privada, agora com o olhar dos brasileiros sobre o Brasil.
  Pois a história do Brasil até o começo do século XX era escrito por historiadores estrangeiros, o grande desafio para o historiador naquele momento era de construir um discurso na qual a História teria um método universal, e através deste conseguiria chegar a “verdade” dos fatos ocorridos.
A fonte sempre foi o ponto principal “único” para os positivistas criarem todo o enredo descricional da realidade de um tempo dado, toda a “fantasia” era extremamente repudiada, ela estava circunscrita ao oficio artístico, não poderia existir em uma ciência histórica espaço para tais devaneios. O método capaz de capturar a “verdade”, e o aprendizado do ofício do historiador estava dentro das universidades, no qual o decente ao término do curso sairia com status de cientista.
Apartir da década de 30 no Brasil, a histografia nacional ganha fôlego e representação através de ícones marcantes, com obras de muito valor, principalmente para o desenvolvimento de uma historiografia própria, escrita por sua maioria por autores não “cientistas da História”, no qual sofreram grande influência das tendências estrangeiras, principalmente Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Holanda e Caio Prado Júnior.   
O primeiro, dos fundadores da Escola dos Annales, que tinha uma proposta historiográfica divergente da positivista, o segundo a influência alemã weberiana, e apesar das divergências de interpretação do Brasil colonial, a abordagem interdisciplinaridade fortemente marcada pela Antropologia e pela Psicologia está presente nos dois autores.
Caio Prado está mais a “esquerda” dos primeiros, sua metodologia baseava-se numa leitura livre do marxismo, ele abandonava a busca por um “caráter nacional”, a abordagem culturalista, para analisar a evolução política sob as condições econômicas e sociais, das lutas de classe e das contradições gerada pelos processos históricos, antecipando uma tendência da historiografia nacional da década de 60.
Casa grande e senzala de Gilberto Freyre e um marco e uma referência para historiografia brasileira nela pode-se encontrar elementos dessa proposta dos Anais pauta numa história globalizante levando em conta aspectos diversos e os grupos sociais que compunham a sociedade colonial dentro do engenho. Ela vai além das perspectivas e apresenta já em suas obras abordagens da segunda geração dos Anais, como os conteúdos da casa que tampouco foram negligenciados. Na década de 60, Braudel escreveu passagens famosas sobre a história social de cadeiras e mesas. Na década de 30, Freyre refletiu sobre a história cultural da rede e da cadeira de balanço, símbolos da voluptuosa ociosidade que os brasileiros em geral - ele sugeriu - herdaram dos colonos de Pernambuco(cf. Freyre, 1933; 1937, p. 219).
Sérgio Buarque em Raízes do Brasil foi pioneiro ao utilizar os conceitos weberianos, na construção de um discurso do Brasil colonial, pautado na  incapacidade de organização social e na inclinação à anarquia e à desordem, em  outras obras também essa influência weberiana de conceitos é notória, como a utilização do patrimonialismo para descrever as relações politicamente promíscuas entre o Estado, os governos e as classes dominantes.
As contribuições dos três foram e ainda permanece muito importante para a construção de uma historiografia nacional de qualidade, engrandecendo a epistemologia nacional e influenciando autores de grande importância principalmente para um “redescobrimento” do Brasil, autores tais como Boris Fausto influenciado por Caio Prado Júnior e Sérgio Buarque de Holanda, autor de: Crime e cotidiano: a criminalidade em São Paulo, trabalho urbano e conflito social, a historiadora Emilia Viotti da Costa foi influenciada por Caio Prado, autora de: Da senzala a colônia, A abolição. Gilberto Freyre influenciou  Luiz Felipe de Alencastro Autor de: O trato do viventes: formação do Brasil no Atlântico sul, séculos XVI E XVII e organizador da: História da vida privada no Brasil, vol. II a corte e a modernidade nacional, sem citar outros grandes historiadores influenciados pelos três.  
Gilberto Freyre que foi estigmatizado e combatido durante muito tempo, principalmente após 1964 por seu conceito chave ”o idílico cenário da democracia racial no Brasil” está sendo revisado com outros olhares, esse novo olhar também está se voltando para o Sérgio  buarque e para Caio Prado.

Referencias Bibliográficas


BLOCH, Marc.  INTRODUÇÃO À HISTÓRIA. Publicações Europa-América, 1977. 289p.
                                                                           
Jenkins, Keith. A Historia Repensada. 1º Edição. Editora: Contexto, 2001. 128 p.

MORAIS, José Geraldo Vinci de. E REGO, José Marcio. CONVERSAS COM HISTORIADORES BRASILEIROS. São Paulo: Ed. 34, 2002. 400p.

REIS, José Carlos. AS IDENTIDADES DO BRASIL: de Varnhagen a FHC. 2ª edição. Rio de Janeiro: editora FGV, 1999. 278p.


Professor Rubens Aguiar
Graduado em História Pela Universidade Estadual de Goiás

Professora Thaís Lopes
Graduada em História Pela Universidade Estadual de Goiás
O Estudo do Texto:
Técnica de Ensino em sala de aula

Estudar um texto é desvendar sua estrutura. Os alunos exteriorizam o texto com produção própria do estudo do texto. Só se estuda um texto lendo e relendo varias vezes.  A leitura do texto deve se basear na concepção de leitura como sendo um ato dinâmico, ativo, produtivo, o ato de ler é uma interação entre leitor-autor-texto-contexto.
O contato com o texto pode partir de contato com detalhes pequenos, chegando a conceitos mais globais.  Antes de qualquer leitura é preciso preparar o aluno para a leitura.  Motivar é predispor alguém a fazer alguma coisa. O aluno tem que ser preparado. Podemos partir de experiências reveladas pelo leitor. Ativando o conhecimento prévio, solicitando uma pesquisa bibliográfica ou de campo.
O primeiro contato do aluno com o texto deve ser individual.  Para que o aluno, com o seu ritmo próprio, encontre o significado global do texto através de suas experiências. O objetivo da leitura individual é a busca de significados.   
A leitura oral para obras muito grande pode ser dispensada, já para textos menores a sua utilização em sala de aula é de suma importância, principalmente no ensino fundamental.

Já um bom ouvinte é aquele que ouve a mensagem e é capaz de compreendê-la. O objetivo da leitura oral é, além de formar bons leitores, também formar bons ouvintes. O professor deve estimular e direcionar, sem impor. O professor pode utilizar de atividades sugestivas e questionadoras, a fim de que os alunos atinjam os objetivos propostos para o estudo do texto, chegando a um aprofundamento do mesmo.
A leitura do texto pode ser feito num nível não-verbal. Analisando a capa do livro, o desenho nele contido e com algum conhecimento prévio do texto. Já no nível verbal podemos destacar o valor das palavras e expressões.  Uma obra pode propiciar varias leituras. Os alunos muitas vezes não conseguem perceber coisas ocultas no texto, é preciso, portanto que o professor ajude-os a ler nas entrelinhas.  
Assim sendo, vamos levar o aluno a fazer uma leitura em busca de significados, sugeridos por pistas que o texto oferece. Estudar um texto é perceber não só o que está explicito, mas também descobrir o que apresenta de modo mais sutil.  Seria muito mais enriquecedor se os professores trabalhassem com antíteses. Tendo cada texto uma abordagem diferente.

Na leitura ascendente, compreender os vocabulários é imprescindível. A técnica do estudo do texto deve desenvolver à habilidade de reflexão, levando o aluno a chegar aos conceitos e significados que as palavras assumem no texto.
O estudo do texto se conclui, quando a partir dele se produz outros textos. O aluno ao unir diferentes leituras, vai adquirindo novos e distintos conhecimentos, logo produzindo e criando novos textos. Considera-se que o texto foi bem estudado, quando houve o nascimento de outro texto, e ou bons debates em sala de aula sobre o mesmo. E o aluno é levado a estimular sua imaginação através das leituras não-verbais.
O estudo é bem feito quando o aluno é levado a criar, recriar e transformar textos, levando a querer revelar aquilo que aprendeu e vivenciou. O importante é, pois que os professores sejam criativos para descobrir novos meios de como realizar a leitura do texto onde o aluno seja o sujeito ativo desse processo.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Relação de Filmes sobre a História do Brasil


Nesta relação, há títulos dos filmes e seus resumos. Uma disposição por tópico de áreas, servindo para nortear o ensino e melhor compreensão por parte do aluno. A lista serve para se ter um conhecimento inicial da história do Brasil, tendo que ser complementada por leituras diversas sobre os específicos assuntos.  Mas, os filmes produzidos sobre a história do Brasil aqui relacionados, podem ser utilizados para auxiliar na didática em sala, ampliando o leque de visão e das diversas analises dos conhecimentos apresentados sobre o Brasil.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

A História após 1929
Professor Rubens Aguiar
Graduado em História pela Universidade Estadual de Goiás

O ano de 1929 foi de colapso financeiro em todo o mundo, e também o surgimento de novos paradigmas na História. Pois, o objeto de investigação e a abordagem documental, explorado pelos historiadores mudaram significativamente após os anos da década de 1929. Essa transformação deu-se na França, o berço da nova historiografia, dando início a um novo processo de constituir e fazer história. Tudo pode ser transformado em objeto de estudo.
O trabalho de um historiador é planear historia: contar, “relatar” fatos e acontecimentos. Reconstruir parte da memória do passado, através dos traços deixados. Tentando ser o mais imparcial possível, e não utilizando de anacronismos. Sendo que para isso tem que ter fontes confiáveis, seja ela um documentos escrito, uma imagem, gravuras, a memória ou qualquer outro meio que possa dar credibilidade e corroborar o que se afirma. Sem isso não há um trabalho de pesquisa Historiográfica.
Cada historiador ao pesquisar uma fonte questionando-a, interpretará ao seu modo, de acordo com o campo de sua visão, influenciado pelas suas leituras, pelo seu tempo, e por tudo que está a sua volta. De uma forma ou de outro ele é influenciado, mas deve-se procurar sempre olhar para o passado sem estar impreguinado com os conceitos pré-programados.
O historiador fará uma opção, já que não é possível enxergar tudo, e cada um, vê e interpreta de um modo diferente. Não fazemos, sobretudo uma história das coisas e sim na sua grande maioria uma história dos homens. Como nos relata o grande historiador Marc Bloch co-fundador dos annales: “História é pesquisa, logo, escolha (...) O seu objetivo é o homem, ou melhor, os homens, e mais precisamente, os homens no tempo”.[1]
O que se quer esclarecer, é que ao relatar a história de alguém do passado, deveríamos olhar a volta. Qual cenário que aquele sujeito de investigação estava inserido? Como pensava a sociedade em que ele vivia? Indo, portanto ao contexto dos fatos. Sem isto o historiador tornar-se a fadado. Se não for ao texto e ao contexto e fazer este exercício repetidas vezes o trabalho do historiador não ficará bom.
Da mesma forma que se questiona várias vezes o documento se deve fazer o mesmo ao contexto. E se o trabalhador de história não gostar do que faz não deve tentá-lo e sim procurar outra profissão. Como diz Bloch: “A história sempre me divertiu muito".[2] Se o historiador não se divertir com o que está fazendo, não tiver paixão ao seu ofício então estará caminhando para a sua ruína. Sempre me fascinou e me seduziu procurar conhecer o porquê de um determinado acontecimento caminhou de um jeito e não de outro. Tem que dar o sangue e sentir prazer naquilo que faz, senão será apenas um copiador ao estilo dos monges medievais, e sabemos que o trabalho do historiador não é esse. Ou pelo menos não deveria ser.
O grande fascínio que nos é colocado pela nova história é o campo de atuação. A nova história não veta mais nada. A abertura para um mundo de infinitos objetos nos deu a possibilidade de trabalhar não apenas com uma corrente de pesquisa, mas com vários arranjos, muitos caminhos, que alguns são: a história econômica, a narrativa que ainda faz sucesso e tem a sua importância, a história social, a história das idéias, a história das mentalidades, as histórias agrárias, urbanas, da família, a história da mulher, da sexualidade. E também a perspectiva de mesclar duas ou mais correntes na busca de uma resposta que seja favorável aos anseios do historiador. Este trabalho de combinação, porém, é muito difícil. O domínio da história se amplia a um leque de ilimitadas possibilidades. E com isso ela se coloca como a maior das Ciências Humanas e também a mais importante.

Referencias bibliográficas

BLOCH, Marc. Introdução a história. Tradução: Maria Manuel; Rui Grácio; Vitor Romanaeiro. Publicações Europa-America, 1997, 289p.

BURKE, Peter. A escola dos annales: 1929-1989. A revolução Francesa da Historiografia. Tradução: Nilo Odalia. São Paulo. Fundação Editora da UNESP, 1997, 154p.

CARDOSO, Ciro Flamarion e VAINFAS, Ronaldo. Domínios da historia: Ensaios de teoria e a metodologia. Rio de Janeiro, Edit. Campos, 1997, 508p.

LE GOFF, Jacques. A historia Nova.Tradução Eduardo Brandão.São Paulo.Martins Fontes,1998,318p.

REIS, Jose Carlos. Escola dos annales: A inovação em historia. Editora paz e terra, 2000, 193p.


[1] Marc Bloch: prefácio: IN INTRODUÇÃO A HISTORIA. Pp.25
[2] Ibidem: pp.77

segunda-feira, 31 de outubro de 2011


RESENHA: REVOLUÇÃO INDUSTRIAL- 1848

OBRA:
              HOBSBAWN, Eric J. “A Revolução Industrial”. IN: A ERA DAS REVOLUÇÕES 1789-1848. TRAD. MARIA TEEZA LOPES TEIXEIRA E MARCOS PENCHEL. PAZ E TERRA. 17ª EDIÇÃO, RIO DE JANEIRO. 2003. PP. 49-82.

Professor Rubens Aguiar
Graduado em História pela Universidade Estadual de Goiás

         Eric John Earnest Hobsbawn nasce em Alexandria, no dia 9 de Junho de 1917. É um historiador marxista reconhecido internacionalmente. É naturalizado inglês. Filho de Leopold Percy Hobsbawm, inglês, e Nelly Grün, austríaca, ambos judeus. Vive em Viena e Berlim. Sofria com a crise econômica de conseqüências da Primeira Guerra Mundial. Seu pai morreu em 1929, e tornou-se órfão quando sua mãe faleceu em 1931. Ele e sua irmã foram adotados pela tia materna Gretl e seu tio paterno Sydney.
         Em 1933, quando Adolf Hitler chegou ao poder, Hobsbawn muda-se para Londres. -Já havia iniciado seus estudos das obras de Karl Marx-. Fugindo das perseguições nazistas, mas também por ter ganhado uma bolsa para estudar na Universidade de Cambridge. Torna-se um militante político de esquerda, e ingressa no Partido Comunista da Grã-Bretanha, que então apoiava o regime Stalinista.
         Durante a Segunda Guerra Mundial (1939/1945), participa de mais um importante período do século XX, ao integrar o Exército Britânico contra os nazistas. Foi responsável por trabalhos de inteligência, pois dominava quatro idiomas. Com o fim da guerra, retorna à Universidade de Cambridge para o curso de doutorado. Sobre esse período, que segundo ele estende-se de 1789 (ano da Revolução Francesa) a 1914 (início da Primeira Guerra Mundial), publicou estudos importantes, como "Era das Revoluções" (1789-1848), "A Era do Capital" (1848-1875) e "A Era dos Impérios" (1875-1914). Ele é responsável por análises aprofundadas sobre aquilo que ele chama de “o breve século XX”. Eric Hobsbawm na era das Revoluções aborda de formas claras duas grandes Revoluções, A Francesa e a Industrial. Trata-se de uma obra de cuidadoso rigor metodológico.        
         Nesta obra é apontado que o termo Revolução industrial surgiu depois da coisa em si, e os socialistas ingleses e franceses só o inventaram por volta dos anos 1820. Ocorreram rápidas transformações por volta de 1780, e a Revolução industrial tem sua partida mais ou menos ai, ela não foi um episódio com um começo e um fim, e o que ocorreu em 1848 foi o que deixou a economia substancialmente industrializada.

         Sob qualquer aspecto foi provavelmente um dos mais importante acontecimento na história do mundo. A Revolução ocorre na Inglaterra apesar de não ter as condições favoráveis, e as inovações tecnológicas da revolução praticamente se fizeram por si mesmas, exceto talvez na indústria química. As atividades agrícolas já estavam dirigidas para o mercado. A política já estava engatada ao lucro. O dinheiro não só falava como governava. Tudo que os industriais precisavam para serem aceitos entre os governantes era muito dinheiro. O sucesso britânico podia ser imitado, o capital e a habilidade britânica podiam ser importados.
         O comercio colonial tinha criado a indústria algodoeira e a alimentava. As plantações da Índia forneciam o grosso do algodão da Inglaterra. A índia passou de exportador para mercado dos produtos do algodão. O que tornou possível a expansão do algodão foram os inventos como a máquina de fiar, o tear movido à água e o tear a motor. Portanto a primeira indústria a se revolucionar foi a do algodão representado 40% a 50% das exportações britânicas entre 1816/1848.
         A transição da economia criou a miséria e o descontentamento, os ingredientes da revolução social. Os pequenos comerciantes, as pequenas burguesias foram vitimas da Revolução. A exploração de mão-de-obra possibilitou aos ricos acumularem os lucros. A revolução e a competição provocaram uma queda constante dos preços. E depois de 1815 a situação geral era de deflação. E nesta época os salários só poderiam cair se caísse o custo de vida.

         Em 1800, a Inglaterra produziu cerca de 90% do carvão mundial. Isso possibilitou a invenção básica da maquina que iria transformar as indústrias de bens de capital: a ferrovia. Ela incendiou o imaginário popular, pois revela ao leigo de forma tão cabal o poder e a velocidade da nova era. Em 20 anos (1830-50) a produção de ferro subiu 330% na Inglaterra. As classes ricas acumularam renda tão rápida e em tão grande quantidade que excediam as possibilidades de gastos e investimentos.
         Os proletariados recebiam o mínimo para a subsistência da semana, e os ricos investiam mais na área dos transportes e relutavam em investir em novas indústrias.  Apesar de as cidades inglesas serem feias, obscuras e cheias de fumaça e ter o proletariado mais pobre do que em outros paises, a Inglaterra recolhia quase 50 milhões de toneladas de carvão, importava e exportava 170 milhões de libras esterlinas em mercadorias em um só ano. Era de fato a “oficina do mundo”. Eles tinham uma única lei comprar no mercado mais barato e vender no mais caro. Estava transformado o mundo, e a transição do Feudalismo para o Capitalismo estava concluído.

         O autor utiliza o método dialético histórico. Foi membro do grupo de historiadores marxistas britânicos, como Christopher Hill, Rodney Hilton e E.P. Thompson que, nos anos 60, diante da desilusão com o estalinismo, buscaram entender a história da organização das classes populares em termos de suas lutas e ideologias, através da chamada "História Social". Hobsbawm dedicou-se à interpretação do século XIX.
         Adotando a teoria marxista e se filiando a escola marxista inglesa. Ele é Considerado um dos mais importantes historiadores atuais. Hobsbawn, além de velho militante de esquerda, continua utilizando o método marxista para análise da história, continuamente a partir do princípio da luta de classes. É membro da Academia Britânica e da Academia Americana de Artes e Ciências. Foi professor de História no Birkbeck College (Universidade de Londres) e ainda é professor da New School for Social Research de Nova Iorque.
          Está obra (A era das Revoluções) de fundamental interesse para estudantes do Ensino Acadêmico. Tem uma linguagem um pouco rebuscada, mas de fácil entendimento, sendo apenas necessário para a sua compreensão conhecer termos marxistas.  Servindo como modelo de história social e marxista.

         Obra de essencial importância. Expõe que com a Revolução Industrial, a transição do sistema doméstico para o fabril acorreu de forma muito acelerado. Pois com isso a evolução que ocorreu no mundo foi enorme, mas isso a custa da exploração de toda uma nova classe que surgia, a classe proletária.
         A Revolução dividiu o trabalho, o homem faz coisas, constrói coisas sem saber o que está realmente fazendo. Foi tirado o controle dos meios de produção das mãos do homem e tornou-o submisso ao grande patrão, detentor destes meios.
         Mas o que de fato representa está ampla mudança, e torna claro que o feudalismo está apenas no passado é a indústria de ferro. Ele que concentrou muita mão-de-obra contribuiu muito para guinada da indústria. A máquina a vapor é o que de fato causou a “revolução”, deixando claro que uma nova era tinha se iniciado. Isso se deu graças à exploração e massacre de toda uma classe de trabalhadores, tornando-os miseráveis, pagando um salário apenas para a subsistência.
         Apesar de tudo, vivemos na melhor das épocas onde a tecnologia torna a vida muito fácil. Essa ‘revolução’ tecnológica que o mundo sofre desde o final do século XX e inicio do XXI, é um fator provocado lá atrás na Inglaterra do século XIX. Pois ela possibilitou ao homem os meios para se inovar e inventar maquinários sem limites e numa velocidade cada vez mais rápido.
         Os marxistas consideram as revoluções como processos violentos e destrutivos, claro que isto é sensato, já que em revolução ou quando se fala em revolução eu entendo como uma forma de quebrar barreiras, derrubar paradigmas, e é lógico que isso não se da de forma fácil ou amigável, uma vez que a resistência pela mudança é enorme.
         A Revolução Industrial destruiu homens e criaram outros, com estilos de vidas que os torna irreconhecíveis. Fez com que homens lutassem entre si por uma vida miserável, pois existia e ainda existe muito desemprego. Um exército de reservas foi formado onde o patrão poderia manipular e pagar qualquer coisa pela força de trabalho, pois sempre teria alguém passando fome que iria aceitar. E se antes isso acontecia nas fabricas, hoje isso está acentuado no comércio. O que se vê são pessoas trabalhando igual a condenados por um trabalho de fome. Por quê? Porque não tem outra saída, nenhuma outra forma de tirar renda, ficando refém do sistema.
         E o Estado que deveria defender o trabalhador, contribui para isso na elaboração das leis, normas estas que deveriam defendê-los são muito brandas em relação ao detentor dos meios de produção, pois a na lei muitas brechas.
         Mas quem de fato vence com a Revolução 1848 é o capitalismo Industrial, com uma mudança latente na forma de produzir. Não obstante com a mortandade de milhares de trabalhadores. Entre elas mulheres e crianças que chegavam a trabalhar até 16h por dia. Os trabalhadores foram concentrados num só lugar para facilitar o controle por parte dos patrões. Mudaram-se as relações sociais, os homens estavam todos no mesmo lugar, mas não havia comunicação, as fabricas não propiciavam isso.
         A Revolução propiciou as empresas que se dividissem em ações. E na atualidade nada representa tão bem o capitalismo como a bolsa de valores, a velocidade com que o Capital gira e passa de um lugar para outro é monstruosa. Nunca o capitalismo se mostrou para o mundo de forma tão clara. 
         Tudo isso é imagem do que acorreu no mundo a mais de um século. A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL possibilitou ao mundo uma interligação e uma transição de mercadoria e mercadoria humana. O homem como mão-de-obra, é mais um joguete nas mãos dos capitalistas. Não dando possibilidades de escolha, transformam os homens em escravos do sistema, este suga ao máximo a força de trabalho do homem e depois o descarta de forma abrupta, como se não fosse nada. E de fato o é, pois o capitalismo não se preocupa com o sofrimento, apenas se preocupa em produzir cada vez mais, e em acumular de forma intensa a riqueza.
         Destarte a Revolução “Sob qualquer aspecto foi provavelmente o mais importante acontecimento na história do mundo”. (Hobsbawn, 2003 pág. 52) apesar dos pontos negativos. A Revolução e o Capitalismo propiciaram e têm propiciado coisas fantásticas ao homem. Como a globalização que é um fator e uma conseqüência da Revolução.
         Enfim a Revolução tornou o mundo melhor e fez com que pessoas de todas as partes do mundo comercializassem de forma instantânea, apesar dos massacres, das misérias que veio junto com ela, nada tão espetacular poderia transformar o mundo de forma tão substancial como a Revolução Industrial fez. Ela é deste modo o mais importante acontecimento da Era Moderna.